Os números chamam muito a atenção e são um exemplo do descaso e da impunidade em Pernambuco. Estatísticas da Polícia Civil revelam que 96.150 boletins de ocorrência foram registrados pela internet no ano de 2022. Mas só 363 (0,37%) resultaram em inquéritos policiais.
Os dados, extraídos da Unidade de Estatística Criminal, foram obtidos pelo Jornal do Commercio por meio da Lei de Acesso à Informação (LAI).
Pelo menos 40 crimes podem ser registrados pela Delegacia pela Internet, como por exemplo ameaça, falsidade ideológica, vários tipos de furtos, violência doméstica familiar e até crueldade contra animais.
Até o começo de maio deste ano, queixas de roubos também podiam ser feitas virtualmente, mas a Secretaria de Defesa Social (SDS) decidiu retirar a opção - sem aviso prévio à população - sob a justificativa de que as pessoas não sabiam preencher os campos, e poucas informações eram fornecidas à polícia.
A mudança, revelada pelo JC, resultou em críticas da sociedade e um pedido de explicações enviado pelo Ministério Público de Pernambuco ao governo estadual.
No documento com os dados disponibilizados por meio da LAI, a Polícia Civil sinalizou que parte das queixas resulta apenas em Termo Circunstanciado de Ocorrência (TCO), e não em inquérito policial. Crimes contra a honra, por exemplo. Mas a Unidade de Estatística Criminal não especificou a quantidade de TCOs gerados.
Na realidade, os crimes de roubo (que antes podiam ser registrados on-line) e de furto representam a maioria dos boletins de ocorrência. E deveriam, imediatamente, ser transformados em inquéritos para identificar e punir os criminosos.
Mas a impunidade impera, como apontam os números. Dos 363 inquéritos instaurados a partir de boletins de ocorrência virtuais registrados no ano passado, até hoje apenas 183 investigações foram concluídas e remetidas à Justiça.
Apesar de se tratarem de boletins de ocorrência de 2022, as estatísticas foram atualizadas no começo desta semana. Ou seja, após seis meses do início da nova gestão da Polícia Civil de Pernambuco, as queixas continuam paradas e não evoluíram para inquéritos.
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